terça-feira, 22 de abril de 2008

PARTIU FRANCISCO MARTINS RODRIGUES

Francisco Martins Rodrigues fundou movimento marxista-leninista português

O fundador do primeiro movimento marxista-leninista português, Francisco Martins Rodrigues, morreu esta madrugada em Lisboa, com 81 anos, refere a Lusa.

Amigos do antigo dirigente revolucionário disseram também que o funeral realiza-se quarta-feira às 13:30 no Cemitério do Alto São João, onde o corpo será cremado.

Francisco Rodrigues Martins pertenceu ao Comité Central do PCP, partido que abandonou no final de 1963 por discordar das posições pro-soviéticas de Cunhal e no ano seguinte fundou o Comité Marxista-Leninista Português.

Esteve várias vezes preso pela PIDE, a última das quais entre 1965 e o derrube do antigo regime, em Abril de 1974.

Francisco Martins Rodrigues protagonizou a principal cisão no PCP, foi ideólogo da extrema-esquerda em Portugal e fundou o Comité Marxista-Leninista Português (CMLP), de que a UDP foi herdeira.

Figura mítica da oposição antifascista, pertenceu à direcção, na clandestinidade, do PCP, já liderado por Álvaro Cunhal, com quem fugiu, da prisão de Peniche, em 1961.

Polémico, Martins Rodrigues foi-se afastando (ou expulso, no caso da UDP) dos vários grupos em que se subdividiu a extrema-esquerda e a que se foi ligando, antes e depois do 25 de Abril de 1975.

Até ao fim, afirmou-se revolucionário. Numa entrevista ao diário «A Capital», em 2003, dizia que os revolucionários não elegem deputados, numa critica à «esquerda cor-de-rosa» do Bloco de Esquerda. E no ano seguinte defendeu que só é possível derrubar o capitalismo «pela força».

In “Portugal Diário”

Nos últimos anos de vida, e depois de ter saído da UDP, Francisco Martins Rodrigues, sem nunca abandonar a intervenção política, criou as edições "Dinossauro" e fundou a revista "Política Operária" de que era director.

Fuga de Peniche

A famosa fuga de Peniche foi uma das mais espectaculares da história do fascismo português, por se tratar de uma das prisões de mais alta segurança do Estado Novo.

No dia 3 de Janeiro de 1960 evadem-se do forte de Peniche: Álvaro Cunhal, Joaquim Gomes, Carlos Costa, Jaime Serra, Francisco Miguel, José Carlos, Guilherme Carvalho, Pedro Soares, Rogério de Carvalho e Francisco Martins Rodrigues.



1 comentário:

Anónimo disse...

Partiu um amigo com o qual tive o privilégio de conviver nos idos de 80 quando ambos fomos redactores do jornal "Em Marcha", e que mais tarde me publicou "Kianda o rio da sede" nas edições "Dinossauro".
Perde-se o último ideólogo da esquerda revolucionária capaz de produzir doutrina e "teorizar a prática".
Dele mantenho a memória ímpar da coerência e fidelidade aos ideais de justiça social a que dedicou a vida, e da forma corajosa e consequente como sempre lutou contra a exploração do homem pelo homem.