terça-feira, 9 de junho de 2009

Manuel Camilo dos Santos...foi um Poeta Popular Brasileiro...

Manuel Camilo dos Santos, cantador violeiro, poeta popular, tipógrafo, xilógrafo, datilógrafo, horoscopista, escritor e editor nasceu no dia 9 de junho de 1905, no Município de Guarabira (PB).
Biografia
Foi criado na agricultura, mas a partir dos 18 anos dedicou-se ao comércio ambulante com uma tropa de burros de seu pai.
Em 1936, já morando na capital João Pessoa e trabalhando como marceneiro, adota a cantoria como profissão, porém em 1940 abandona essa profissão, transfere-se para Campina Grande e lá inicia sua vida de poeta popular.
Todavia, em 1942 retorna para Guarabira, desta vez para instalar a Tipografia e Folhetaria Santos, que se expande e leva seu proprietário a transferi-la, em 1953, para Campina Grande. Próspera, a Folhetaria faz de Manuel Camilo um editor bem sucedido e, em 1957, tendo adquirido novos equipamentos, ele a reinaugura com o nome de A Estrella da Poesia.
Obra em francês
Tendo publicado, de autoria própria, mais de 150 folhetos, teve como obra-prima, segundo o pesquisador Átila de Almeida, o folheto Viagem a São Saruê, que teve uma versão para o francês, Voyage a São Saruê, feita pela professora Idelete Muzart.
No dia 8 de abril de 1987, faleceu em Campina Grande. Orígenes Lessa o chamava de “outro gigante do Nordeste” ou “uma das mais extraordinárias figuras dessa literatura (de cordel): Manuel Camilo dos Santos”.
Em sua homenagem, durante os festejos do maior São João do mundo, no Arraial Sítio São João, em Campina Grande, é instalada uma casa-folhetaria na qual ficam abertos para visitação pública peças e maquinários da Estrella da Poesia.
Muitos foram os seus títulos reeditados, entre eles podemos citar o clássico Viagem a São Saruê, As palhaçadas de Biu, O sabido sem estudo e O filho de Garcia.
Se no primeiro folheto o autor se desvia das temáticas tradicionais (cangaço, pelejas, religião), e viaja em sonhos que, segundo Orígenes Lessa, é uma versão sertaneja do Vou-me embora pra Pasárgada, de Manuel Bandeira; no último folheto, conforme a opinião de Augusto de Campos, produz um poema de vanguarda, uma “concreção”.
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Autobiografia
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Deus a todos deu um dom
para com ele viver.
quem logo acertar com o seu
vive bem e tem proazer
e o que não acertar
só leva a vida a sofrer.
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Uns têm o dom para artes
outros para a agricultura.
já outros para a ciência
porém outros é pra leitura.
enquanto uns vivem da música
outros exercem a pintura.
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Alguns têm o dom profético
outros o dom da cirurgia
uns têm o dom de comércio
o meu dom é poesia.
e nele graças a Deus
vivo bem, tenho alegria.
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Cada um para o que nasce
apoiado este dizer.
mas muitos deixam o seu dom
pensando enriquecer.
vão procurar longe
onde só acham o sofrer.

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