domingo, 7 de dezembro de 2008

Ary dos Santos...Poeta...71º aniversário do seu nascimento...

José Carlos Ary dos Santos (Lisboa, 7 de Dezembro de 193718 de Janeiro de 1984) foi um poeta e declamador de poesia português.
Biografia
Oriundo de uma família da alta burguesia, José Carlos Ary dos Santos, conhecido no meio social e literário por Ary dos Santos, vê publicados aos 14 anos, através de familiares, alguns dos seus poemas, considerados maus pelo autor. No entanto, Ary dos Santos revelaria verdadeiramente as suas qualidades poéticas em 1954, com dezasseis anos de idade. É nessa altura que vê os seus poemas serem seleccionados para a Antologia do Prémio
Almeida Garrett.
É então que Ary dos Santos abandona a casa da família, exercendo as mais variadas actividades para seu sustento económico, que passariam desde a venda de máquinas para pastilhas até à publicidade. Contudo, paralelamente, o poeta não cessa jamais de escrever e em 1963 dar-se-ia a sua estreia efectiva com a publicação do livro de poemas A Liturgia do Sangue (1963).
Em 1969 inicia-se na actividade política ao filiar-se no
PCP, participando de forma activa nas sessões de poesia do então intitulado "canto livre perseguido".
Entretanto, concorre, sob pseudónimo como exigia o regulamento, ao
Festival RTP da Canção com os poemas Desfolhada Portuguesa (1969), Menina do Alto da Serra (1971) e Tourada (1973), obtendo os primeiros prémios. É aliás através deste campo – o da música - que o poeta se torna conhecido entre o grande público.
Autor de mais de seiscentos poemas para canções, Ary dos Santos fez no meio muitos amigos. Gravou, ele próprio, textos ou poemas de e com muitos outros autores e intérpretes e ainda um duplo álbum contendo O Sermão de Santo António aos Peixes do
Padre António Vieira.
À data da sua morte tinha em preparação um livro de poemas intitulado As Palavras das Cantigas, onde era seu propósito reunir os melhores poemas dos últimos quinze anos (publicado postumamente), e um outro intitulado Estrada da Luz - Rua da Saudade, que pretendia fosse uma autobiografia romanceada.
O poeta morre a 18 de Janeiro de 1984. O seu nome foi dado a um largo do Bairro de Alfama, descerrando-se uma lápide evocativa na casa da Rua da Saudade, onde viveu praticamente toda a sua vida.
Ainda em 1984, foi lançada a obra VIII Sonetos de Ary dos Santos, com um estudo sobre o autor de
Manuel Gusmão e planeamento gráfico de Rogério Ribeiro, no decorrer de uma sessão na Sociedade Portuguesa de Autores, da qual o autor era membro.
Em 1988,
Fernando Tordo editou o disco "O Menino Ary dos Santos" com os poemas escritos por Ary dos Santos na sua infância.
Poema
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Epígrafe
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De palavras não sei. Apenas tento
desvendar o seu lento movimento
quando passam ao longo do que invento
como pre-feitos blocos de cimento.
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De palavras não sei. Apenas quero
retomar-lhes o peso a consistência
e com elas erguer a fogo e ferro
um palácio de força e resistência.
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De palavras não sei. Por isso canto
em cada uma apenas outro tanto
do que sinto por dentro quando as digo.
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Palavra que me lavra. Alfaia escrava.
De mim próprio matéria bruta e brava
--- expressão da multidão que está comigo.

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