Vieram de novo, aos milhares, de todos os pontos do país. Voltaram a encher as ruas de Lisboa com a sua luta, e a sua perseverança na defesa de um modelo democrático da escola pública. Dizendo "categoria só há uma - professor e mais nenhuma". Nem mais.
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Ao longo destes últimos quatro anos, os professores têm sido a voz mais forte e mais ousada na contestação ao Governo. E são-no porque têm sido eles a experimentar, mais do que em qualquer outro sector, o que significa a "empresarialização" dos serviços públicos.Alguém pensou: "temos que alcançar os níveis europeus em matéria de resultados escolares, mas sem fazer o esforço de investimento que fizeram os outros países europeus". A solução do Governo PS: indicar um culpado, os professores; pressionar os resultados; e juntar a propaganda.
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Quatro anos do triunvirato Mª Lurdes Rodrigues - Valter Lemos - Jorge Pedreira, resumem-se a isso. Resume-se a duas ideias centrais: primeiro, uma escola organizada como uma cadeia de comando capaz de produzir, rapidamente, resultados "politicamente" simpáticos para quem governa; e segundo, uma classe docente domesticada pelo medo e pela concorrência interpares, que cumpra ordens sem pinga de crítica, e saia baratinha na factura salarial do Ministério da Educação (ME). Toda a arquitectura legislativa, toda a orientação política do ME seguiu neste sentido. Modelo de avaliação, modelo de gestão, estatuto do aluno, e o Magalhães para ajudar à festa...
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Quando se provou que os professores não se iriam deixar humilhar e enxovalhar pelo Governo, e que estavam dispostos a lutar, veio a chantagem e as ameaças do ME - ameaça de processos disciplinares, de não progressão na carreira, o afastamento e a intimidação de Conselhos Executivos que não vergavam.
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Mesmo assim, uma, e outra, e outra vez, os professores saíram à rua. Porque sabem o que está em causa. Sabem que hoje a escola pública enfrenta uma crise, mas que não pode perder a confiança da opinião pública. Sabem que a multiplicação burocrática não trouxe rigor nem exigência às práticas escolares, apenas aumentou o espaço de manobras dos burocratas políticos de serviço. Sabem que se criaram e inventaram novos problemas, sem nunca resolver os velhos e determinantes problemas do sistema educativo português - o abandono e o insucesso escolar. Sabem que hoje as escolas enfrentam todos os desafios - a herança da iliteracia e a globalização mediática - ; sabem que à escola se pede todas as funções, da educação clássica, às novas competências, e ao apoio social às famílias e aos excluídos; e sabem que lhes faltam todos os instrumentos para fazer esse combate, e essa tarefa.
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Quem saiu à rua sabe exactamente o que quer - pacificar as escolas, esquecer Maria de Lurdes Rodrigues, investir no sistema educativo e nos profissionais que fazem a escola pública. Em Setembro ou Outubro, os professores sairão de novo à rua. De outra maneira voltarão a dizer ao PS que não aceitam ser humilhados e perseguidos. Tenho a sensação que dessa vez o PS vai ouvir com muito mais atenção.Ana Drago
in Esquerda.Net
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