Acentua-se a decadência do PS, esse projecto sem projecto, esse 'socialismo' desacreditado e desacreditante
.
Os resultados estão muito aquém das nossas expectativas. São decepcionantes", disse Sócrates, rosto compacto e voz pesada. Já suspeitava de que o primeiro-ministro tem vivido num universo plano, no qual é inexistente a espessura das coisas e a evidência dos factos.
A prova forneceu-a ele próprio, com a taciturna confissão. Que esperava da sua rude teimosia, da sua obtusa empáfia, ele, mais propenso às volúpias do mando do que às obediências da ideologia?
Sócrates perdeu para quem?
Sócrates perdeu para quem?
A admitir, como júbilo, a selvagem alegria de Paulo Rangel, e como declaração de impostos a fúnebre catadura de Vital, Sócrates perdeu para toda a gente. Mas o PSD vence quem? O PS e o Governo? Se a verdade enriquece mais do que a reticência, o Bloco Central sai incólume deste imbróglio.
O Bloco Central é uma instância de poder, desprovida de convicções, e, sobretudo, destinada a distribuir empregos. O PS não é "socialista" (creio que nunca o foi) e o PSD foge espavorido da "social-democracia".
É verdade que o Bloco subiu, o PCP aumentou o número de votantes, e o CDS sacudiu a letargia com a qual desejavam amortalhá-lo. Mas as coisas estão rigorosamente na mesma: elementares e antigas. A mesa está posta para os mesmos. E não é preciso restaurar a frase de Lampedusa; basta reler, por exemplo, o "Portugal Contemporâneo", do Oliveira Martins, para se entender quem manda e sempre aqui mandou.
Paulo Rangel saiu-se menos-mal de uma contenda de mediocridades. No PSD é olhado de viés. O baronato acha-o levemente patusco e um pouco ridículo. Pelejou sozinho, ou quase, contra desdéns e omissões. Ao contrário do que afirma o cada vez mais enfatuado e fatigante Pacheco Pereira, o candidato do PSD não seguiu a "estratégia" da dr.ª Manuela, pela simples razão de que essa "estratégia" não existe.
É verdade que o Bloco subiu, o PCP aumentou o número de votantes, e o CDS sacudiu a letargia com a qual desejavam amortalhá-lo. Mas as coisas estão rigorosamente na mesma: elementares e antigas. A mesa está posta para os mesmos. E não é preciso restaurar a frase de Lampedusa; basta reler, por exemplo, o "Portugal Contemporâneo", do Oliveira Martins, para se entender quem manda e sempre aqui mandou.
Paulo Rangel saiu-se menos-mal de uma contenda de mediocridades. No PSD é olhado de viés. O baronato acha-o levemente patusco e um pouco ridículo. Pelejou sozinho, ou quase, contra desdéns e omissões. Ao contrário do que afirma o cada vez mais enfatuado e fatigante Pacheco Pereira, o candidato do PSD não seguiu a "estratégia" da dr.ª Manuela, pela simples razão de que essa "estratégia" não existe.
A vitória nestas eleições cabe, por inteiro, a Paulo Rangel, o qual atribuiu a si próprio a defesa de um castelo cercado, cujos paladinos haviam debandado. Que fazer com esta vitória?
Os senhores do PSD começaram, já, a assenhorear-se de uma glória que lhes não pertence; Rangel vai para Bruxelas mas, antes, será crestado em fogo brando; e, com maior ou menor fortuna, passada a increpação nervosa do momento, a dr.ª Manuela continuará alvo de conspirações e objecto de pequenas deslealdades.
É o PSD, tal o caracterizou Sá Carneiro.
Em todo o caso, acentua-se a decadência do PS, esse projecto sem projecto, esse "socialismo" desacreditado e desacreditante. Mas poderá José Sócrates inverter a tendência para o abismo? Fará pequenos remendos como um remorso sobressaltado. Apenas isso.
Em todo o caso, acentua-se a decadência do PS, esse projecto sem projecto, esse "socialismo" desacreditado e desacreditante. Mas poderá José Sócrates inverter a tendência para o abismo? Fará pequenos remendos como um remorso sobressaltado. Apenas isso.
Nada de substancial que sacuda a leve rotina das coisas.
Baptista-Bastos
Baptista-Bastos
in DN
Sem comentários:
Enviar um comentário