quarta-feira, 10 de junho de 2009

O diabo dos números...

Teplotaxl, o diabo dos números, de Hans Magnus Ensenberger, mostra a matemática como uma aventura emocionante.
A aritmética, o mais humilde dos membros da família, é-o desde logo, pondo à vista coisas que, de outro modo, permaneceriam ocultas.
Uma delas, no caso da aritmética eleitoral, é o desastre que constitui a lei de 2008 que instituiu o recenseamento automático e "tecnológico".
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A lei levou à inscrição automática nos cadernos eleitorais de 9 491 592 eleitores, de uma população de (dados do INE) 10 617 575 pessoas. Só que, destas, 1 628 852 têm 14 anos ou menos, e cerca de 400 mil terão mais de 14 e menos de 18 anos (30% dos cerca de 1 236 000 com idades entre os 15 e os 24 anos), nenhuma podendo votar.
Além disso, dos 401 612 estrangeiros residentes, a maioria é decerto constituída por não-europeus (africanos, brasileiros, chineses, ucranianos, russos, moldavos…).
O que significa que, nestas "europeias", contas feitas por baixo, havia milhão e meio de fantasmas nos cadernos eleitorais.
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A "revolução tecnológica" também pode ser uma aventura emocionante. Se, claro, for mais que propaganda.
Manuel António Pina
in JN

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