quinta-feira, 11 de junho de 2009

Cartas da Patagónia II

Reza a história da navegação que, ao meter água, os primeiros que abandonam o barco são os ratos. Os dos porões. Embarcam sem pagar bilhete e comem as mercadorias que nunca chegam ao porto de destino, mas sobrevivem a qualquer naufrágio. Quando lhes cheira a esturro, bóiam como a cortiça e esperam ser indemnizados como vítimas de uma boleia que pagam as companhias de seguros.

Mas não são os únicos.

Há outros que viajam em primeira classe e têm direito a todas as mordomias, inclusive serem avisados pelas capitanias que convém desembarcar antes da tempestade para onde ruma a barcaça. Exemplos? Para quê? São mais do que conhecidos, assumidos e publicitados. Até por quem hoje se dedica a pregar sermões a quem não lhe seguiu o exemplo, aconselhando pastéis de nata de Belém para compensar amarguras e outros desesperos de quem confiou na lotaria garantida de bancos chefiados por delfins de chefes.

Mas há mais: as ratazanas que pertencem à tripulação e têm acesso à ponte de comando.

Essas, são sempre mais papistas do que o Papa. E quando reparam que o comandante já não distingue bombordo de estibordo, nem a proa da ré, prometem aos embarcadiços o paraíso no inferno com medidas que nem à palha do burro do Menino Jesus lembraram, conspiram, organizam-se, dão-lhe uma facada nas costas e atiram-no pela borda fora.

Por exemplo: aquela criatura chamada ministro da economia, levando a preceito as recomendações do primeiro magistrado da Nação que preside à República consumista, já preparou uma portaria proibindo a importação de bacalhau da Noruega. Com a frota pesqueira desmantelada, sem ter sobrado nenhum bacalhoeiro, lá se vai o fiel amigo.

Mas o pequenote já tem um trunfo na manga. Em compensação, aconselha-nos a pescarmos e secarmos o peixe, assim:



O Problema é que o peixe seco é muito salgado e provoca imensa sede. E para azar nosso, outra luminária que de vez em quando se intitula ministro do ambiente, já anunciou que a água esta muito barata e o preço tem de subir, pelo menos, quinze vezes. Este, como não chegou a saber aplicar uma regra de três simples, ainda faz cálculos aritméticos, demonstrando que ignora percentagens mas sabe multiplicar.

Segundo o correspondente da Rádio Pinguim, os habitantes da Sócralândia aguardam ansiosos que o comissário da agricultura e pescas anuncie o aumento de taxas para anzóis, canas de pesca, minhocas ou qualquer outro tipo de isco.

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