segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Sacudir a água do capote!...

O Governo reconheceu finalmente o fracasso das suas previsões económicas e orçamentais. Durante anos Sócrates gabou-se que nunca tinha tido necessidade de apresentar um orçamento rectificativo. Agora, de uma assentada, bateu dois recordes: o do orçamento que antes de entrar em vigor já estava a ser corrigido (em Dezembro, com o "pacote dito anti-crise"); e o do orçamento com mais pequena duração de sempre (entrou em vigor a 1 de Janeiro, teve 16 dias de vida).
Em torno deste fracasso começa a ser montada uma espessa cortina de fumo com a prestimosa colaboração de alguns fazedores de opinião.
Tenho, por exemplo, lido que o Governo corrigiu agora as previsões de Setembro, sugerindo que elas eram já "antigas" e mesmo anteriores ao eclodir mais acentuado da crise.
Falso.
Estas previsões foram apresentadas em 15 de Outubro, com a famosa "pen", e só foram votadas no fim de Novembro, quando todos, (excepto Sócrates), já reclamavam profundas correcções.
Também se lê repetidamente que tudo isto sucede por causa da "crise internacional", numa enorme operação de branqueamento das responsabilidades políticas que nela cabem ao Governo de Sócrates.
E quanto a isto, é bom que nos entendamos. A "crise" não caiu do céu por magia, é a dura consequência do desabar de um modelo de sociedade assente no capitalismo selvagem e na economia de casino.
As causas da crise mundial, e as causas da crise que o país já vivia, são as mesmas, é a falência de um sistema criado para explorar, para discriminar e excluir. As políticas que criaram e apoiam o modelo que agora se abate sobre os povos e os países são as mesmas que Sócrates e o seu Governo estão a levar à prática com feroz intensidade.
A tentativa desesperada de sacudir a água do capote ensaiada por Sócrates e seus pares - chegando ao cinismo de até nomear responsáveis - visa também recuperar o sistema para que ele regresse incólume e de cara lavada um dia destes.
Honório Novo
in JN

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