domingo, 25 de janeiro de 2009

Manuel Lopes...Foi um Poeta Cabo-verdiano...

Manuel Lopes (Mindelo, 23 de Dezembro de 1907Lisboa, 25 de Janeiro de 2005), ficcionista, poeta e ensaísta, um dos fundadores da moderna literatura cabo-verdiana e que, com Baltasar Lopes da Silva e Jorge Barbosa, foi responsável pela criação da revista Claridade.
Manuel Lopes escrevia os seus textos em
português, embora utilizasse nas suas obras expressões em crioulo cabo-verdiano.
Foi um dos responsáveis por dar a conhecer ao mundo as calamidades, as secas e as mortes em São Vicente e, sobretudo, em Santo Antão.
Emigrou quanto ainda jovem tendo a sua família se fixado em 1919 em
Coimbra (Portugal), onde fez os estudos liceais. Quatro anos depois, voltou a Cabo Verde como funcionário de uma companhia inglesa.
Em 1936, fundou com Baltasar Lopes a revista Claridade, de que sairiam nove números.
Em 1944 foi transferido para a ilha do Faial, nos Açores, onde viveu até se fixar em Lisboa, em 1959, onde passou a viver até a sua morte. Regressou apenas por duas vezes ao seu arquipélago.
Entre as suas obras mais conhecidas contam-se: Chuva Braba (romance, 1956, Prémio Fernão Mendes Pinto), O Galo que Cantou na Baía (contos, 1959, de novo Prémio Fernão Mendes Pinto) e Os Flagelados do Vento Leste (romance, 1959, Prémio Meio Milénio do Achamento de Cabo Verde). Os Flagelados do Vento Leste teve adaptação cinematográfica, dirigida por António Faria, em 1987.
Mas Manuel Lopes foi autor de outros títulos como Horas Vagas (poesia, 1934), Poemas de Quem Ficou (poesia, 1949), Temas Cabo-verdianos (ensaios, 1950), Crioulo e Outros Poemas (poesia, 1964), As Personagens de Ficção e os seus Modelos (ensaio, 1971) e Falucho Ancorado (antologia poética, 1997).

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Soneto à Liberdade
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Primeiro tu virás, depois a tarde
com terras, mares, algas, vento, peixes.
trarás, no ventre, a marca das idades
e a inquietude dos pássaros libertos.
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virás para o enorme do silêncio
— flor boiando na órbita das águas —
tu não verás o fúnebre das horas
nem o canto final do sol poente.
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primeiro tu virás, depois a tarde
sem desejos e amor. virás sozinha
como o nome saudade. virás única.
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eu não terei a posse do teu corpo
nem me batizarei na tua essência,
mas tu virás primeiro e eu morro livre.

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