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Por mais legítima e desejada que seja a grande aliança, não se trata, obviamente, de uma coligação como qualquer outra. É uma coligação antinatural e, em grande medida, uma traição aos eleitores, sobretudo ao tal milhão que decide as eleições ao centro e apoia ora o PSD ora o PSD. Quem votar em Outubro no PSD está, acima de tudo, a votar contra o PS no Executivo e quem votar no PS está, acima de tudo, a votar contra a hipótese de o PSD lá chegar, porque são os dois únicos partidos do sistema em posição de decidir sobre a formação de governos. Com um Bloco Central, o voto desses eleitores serviria, portanto, um propósito oposto àquele que os levou a votar.
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Por outro lado, nem a governabilidade nem a capacidade reformista estão mais asseguradas por uma grande coligação ao centro do que por outra qualquer. O velho Bloco Central durou dois anos, mas, na verdade, só governou no primeiro. O segundo foi consumido numa briga permanente sobre "reformas estruturais" que ainda hoje estão por fazer e que acabaria depressa com a coligação. Esta só resistiu enquanto não se tornou claro qual dos dois partidos ganharia mais com a ruptura. E aquele que mais ganha, se a época for de crise, como então e como agora, é sempre o segundo partido, pois o maior tem o primeiro-ministro, que é o rosto da situação. Foi o que aconteceu há 24 anos. E é o que voltará a acontecer, pelo que o partido mais votado em Outubro já sabe com o que conta se apostar no Bloco Central.
Fernando Madrinha
in Expresso
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