segunda-feira, 18 de maio de 2009

O dia dos três nãos!...

Terminou mais um dos tabus em que a política nacional é fértil. Manuel Alegre disse não! Disse não a sair do PS; disse não a criar um novo partido que, por oportunismo, alguns já tinham baptizado de convergência das esquerdas; disse não a ser deputado do PS nas eleições legislativas.
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Este tabu terminou da forma como muitos esperaram que terminasse. O assunto era (é) do foro individual e interno do PS, sobre o qual não parecia (nem parece) legítimo exercer pressões, nem mesmo "bem-intencionadas"…
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A decisão de Alegre é, por tudo isso, tão legítima quanto normal.Ultrapassada esta questão, resta uma outra: a dos milhares de pessoas sem filiação partidária, tradicionais ou recentes votantes do PS, muitos militantes socialistas que depositaram esperança e tinham expectativas que Manuel Alegre rompesse de facto com Sócrates.
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Todas estas pessoas se sentirão, porventura, um pouco frustradas, algo desorientadas. São pessoas que autenticamente rejeitam as políticas de Sócrates, que não se revêem na sua postura, muitas delas têm mesmo engrossado as ondas dos protestos populares, dos professores aos enfermeiros, dos agentes da segurança aos trabalhadores, dos agricultores aos investigadores, dos médicos e profissionais liberais aos artistas e agentes culturais.
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Dificilmente todos seguirão Alegre neste seu acto de contrição partidária. Podem até esperar por Alegre - muitos certamente o farão - os dois anos que faltam para as próximas eleições presidenciais. No entanto, dificilmente seguirão agora o poeta-deputado neste seu reagrupamento com Sócrates, com a desmedida ambição do PS em renovar uma maioria absoluta de que todos se queixam e quase abominam.
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Este grupo de portugueses irá certamente, agora já sem Alegre, procurar alternativas que representem rupturas com as políticas de Sócrates. É bom que escolham quem alia à experiência uma consequente vontade de cortar de vez com o pântano em que está transformada a política em Portugal.
Honório Novo
in JN

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