segunda-feira, 11 de maio de 2009

Desvario dos asnos que nos governam

Esta parece anedota, mas não é

No programa “Nós por cá” da SIC, transmitido diariamente às 19H00 um dos temas abordados hoje foi a “Lei dos Poços”

Imaginem que as luminárias que legislam na chamada Assembleia da República, aprovaram uma lei que, em resumo, obriga os proprietários de poços a regista-los com um cadastro burrocrático (os 3 erres não são gralha…) que, além de um formulário de várias páginas, obriga os tais proprietários a informar coisas como estas:

quais as coordenadas da localização do poço lidas através da Carta Topográfica Militar [suponho que será a 1/25.000] que é o único “mapa” em que constam todas as veredas, moinhos e até os poços de Portugal. Qual o débito do caudal médio – que evidentemente exige medições feitas por técnicos de hidrometria, a não ser que prefiram saber quantos baldes se retiram do tal caudal do poço – e, é claro, os entrevistados afirmaram todos (entre outras verdades) que:

- Não faziam a mínima ideia dessa chamada lei nem do que é isso de coordenadas na escala 1/25.000;

- Não percebem o que significa caudal médio, etc, etc.

Acontece que esta chamada lei é, evidentemente, dedicada aos habitantes e agricultores que vivem fora das áreas metropolitanas do país.

Ah! Têm o prazo de 60 dias para “cumprirem a lei”, sob pena de serem sujeitos a coimas que podem ir até aos vinte e cinco mil euros.

Com o respeito, consideração e estima que tenho pelos burros - uma espécie de quadrúpedes, útil, dócil, trabalhadora e rara, em vias de extinção, cujas reproduções artesanais colecciono (por não ter uma quinta, quintal ou terreno aonde pudesse desfrutar da sua companhia), resta-me informar-vos do seguinte:

Tenho imensa dificuldade em encontrar burros à venda. Os amigos mais próximos lá me vão oferendo um de vez em quando, sabendo quão feliz e grato fico.

A razão de os artesãos não os fazerem, deve-se a uma razão simples: as pessoas confundem os burros com os asnos. Mas estes são bípedes e especialistas na asneira. Abundam na Assembleia da República, governo, conselhos de administração de grandes empresas, Banca [rota]e não só.

Quando é que decidimos atirar os asnos ao poço?


2 comentários:

Pau de marmeleiro disse...

Concordo com a crítica do Zigoto.
Se a ideia - talvez do ministro do ambiente - fosse fazer o levantamento dos recursos hídricos do País e salvaguardá-los, bastava o seu ministério, com as tais cartas topográficas militares na escala 1/25.000 na mão, verificar a existência e os caudais médios dos poços - talvez com especial atenção aos que possam sugar lençóis freáticos - mas nunca este disparate burrocrático de inquéritos a que 99% dos inquiridos não sabe responder.
Já agora, era bom que se dedicassem a negociar melhor com a Espanha os nossos recursos hídricos comuns, a exigir que não poluam os caudais junto à fronteira, etc.
Ah! Ia quase esquecendo que a coima pode chegar aos 25.000 euros.
Este governo, em vez de cumprir a sua missão, continua a sacar tudo o que pode a quem já nada pode.

Blimunda disse...

As ditas luminárias fazedoras de tais e outras leis foram mais longe, não informando as comunidades rurais onde presumivelmente esses poços existem através dos meios próximos das populações como por exemplo juntas de freguesia. E... ouvi eu, nesse programa, que todo o cidadão é obrigado a conhecer as leis que saem. Fantástico! E ainda mais fantástico, num país em que grande percentagem dos inquiridos no terreno disse ser analfabeto, foi ouvir a sugestão de consultarem o site da internet em que se encontra a lei dos poços. Este país, como diz alguém que conheço, só existe na imaginação dos portugueses.