sexta-feira, 8 de maio de 2009

A corrupção no seu impune esplendor

08.05.2009 - 14h37 Lusa

D. Manuel Martins alerta para perigo de sublevação


O Bispo Emérito de Setúbal, D. Manuel Martins, está preocupado com a situação ocorrida em Setúbal, alertando para o perigo de sublevações de uma população carenciada e mais sensível à crise e ao aumento do desemprego.

"Onde quer que eles (desacatos) acontecessem eu sofria com isso mas acontecendo ali, na minha terra, naquele bairro que eu vi nascer, onde promovi a construção de uma igreja, onde existe um pároco tão zeloso pela comunidade, lamento ainda mais profundamente que isto aconteça", disse à agência Lusa D. Manuel Martins, uma voz sempre activa, durante mais de duas décadas, na defesa dos direitos da população de Setúbal.

Na quinta-feira, uma manifestação junto à esquadra da PSP da Bela Vista obrigou a polícia a reforçar a segurança e a disparar tiros de aviso para o ar para acalmar o grupo de jovens que se reuniu em frente à esquadra, alegadamente para homenagear um rapaz assassinado pela GNR após o assalto a uma caixa Multibanco. A polícia decidiu manter hoje o reforço policial naquele bairro de Setúbal, onde um grupo de pessoas lançou quinta-feira à noite dois "cocktails molotov" contra as carrinhas da PSP, que se encontravam de prevenção no local.

"O que eu receio e tenho repetido muitas vezes é que nestas situações possamos encontrar, num futuro próximo ou remoto, já uma fogueira preparada para incendiar o país", alertou D. Manuel Martins, que foi ordenado Bispo de Setúbal em 1975. Questionado sobre os efeitos da crise e do aumento do desemprego junto da população, o prelado lembrou que "a situação é má e vai piorar". Sem emprego e sem dinheiro, D. Manuel admite que as pessoas em situação desesperada possam encontrar como única saída a violência: "Se não tiver pão ou mato-me ou mato, porque sem comer não se pode viver".

Perante este cenário, os Governos têm de ter uma "atenção especial" para com as populações dos bairros "mais pobres, mais desprotegidos, mais inseguros, onde não há trabalho, não há cuidados especiais de acompanhamento e, às vezes, nem sequer há habitações condignas". Resumindo: Os bairros "onde falta tudo aquilo que pode desaconselhar uma tentação de sublevação". Para o Bispo Emérito é preciso "privilegiar estas localidades como um pai ou uma mãe privilegiam um filho que está doente ou que tem especiais carências".

"Já há muito tempo que muita boa gente fala no perigo de sublevações que podem ser à partida muito pequeninas e muito localizadas e podem de um momento para o outro tornar-se generalizadas. Quem está no poder tem de ter muito cuidado e lidar com especial atenção estas situações, porque não basta ter a polícia a tomar conta", defendeu o prelado que ficou conhecido como o "Bispo Vermelho".

"Sei que isto está a acontecer em Portugal, aqui e além, com maiores ou menores dimensões, está a acontecer com grandes dimensões na Grécia, na França, na Itália. Já tem acontecido na Espanha e na Inglaterra e eu tenho muito medo que mesmo até inconscientemente toda aquela gente esteja a preparar, a criar terreno, para qualquer coisa de muito grave para a Europa", concluiu.
In Portugal Diário

Somando a isto, a ocupação da sede do BPP no Porto, por 150 clientes que têm o seu dinheiro a "arder" parece-me que já existem sinais suficientes de rastilhos que podem provocar uma explosão social incontrolável...pelo menos no quadro constitucional de um Estado de Direito Democrático.
Ah! E é bom não esquecer que continua a existir um conselheiro de Estado que vai, pela segunda vez, a uma comissão de inquérito parlamentar meter os pés pelas mãos e, quando confrontado com documentos comprometedores que assinou, evoca lapsos de memória, transpira e reconhece que a assinatura é sua mas "confessa" que desconhecia o seu conteúdo. Benza-o Deus, que isso de assinar de cruz é reservado a analfabetos, e não a ex-ministros, gestores de alto gabarito e conselheiros de Estado em exercício.
Que Sócrates continue arrogantemente autista, não surpreende. Está-lhe no código genético.
Resta saber se os restantes Orgãos de Soberania, começando pela Presidência da República, tencionam fazer o que lhes compete.
Para já não falar na lei aprovada pelo parlamento - quase por unanimidade - acerca do financiamento dos partidos. Isto é: quem paga a quem, porquê, para quê.
Esta breve resenha é uma vergonha para Portugal.
Urge alterá-la e, para isso, os cidadãos devem, podem e têm de exigir que se termine com esta pouca vergonha que é um saque descarado.

1 comentário:

João Andaluz disse...

É deveras preocupante a situação que se vive em Portugal. Estamos a pisar terrenos pantanosos, areias movediças e, quando estas coisas acontecem, há sempre gente à espreita para tomar o "carro" do poder e da "ordem".
Acontece que, após a revolução libertadora, não foram precisos muitos anos para se criar uma "Santa Aliança" onde se instalaram os senhores dos privilégios do antigamente e do hoje. Vão-se alternando no poder,com uma carapaça de dedicados tutores de uma massa de (pensarão eles) de mentecaptos e de incapazes; passam o tempo a enganar tudo e todos e a distribuir rebuçados e assistimos, sem nada fazer, a toda esta falta de seriedade, a uma vida corrupta e sem vergonha e, quem sabe, talvez à espera de que, como disse Oliveira Martins: "Quando os partidos se mostram impotentes, por vezes, o Chefe de Estado cria um simulacro de partido, nomeando um governo eclético". É isso que merecemos?
Acho que não!
Acabemos JÁ com as maiorias absolutas. Deixemo-nos de MEDOS. Não há papões e, de certeza, piores que estes é difícil encontrar!!!
Lembro, para terminar, um pensamento de Camilo Castelo Branco, de 1873!
"O povo português teme-se da república, do socialismo e da união ibérica: é perdoável o susto; mas não é racional. Do despotismo é que deve temer-se".
E agora, 2009, o que se passa?