É com enorme pesar que vos reencaminho este e-mail em anexo, onde se dá conhecimento do falecimento do nosso sócio Duarte Figueira.
Cordiais saudações
Vasco Lourenço
Cumpro o dever, particularmente ingrato pelas relações de amizade que nos uniam, de participar o falecimento do sócio nº 1 da AOFA COR ART (REF) João António Duarte Figueira.
O corpo encontrar-se-á na Igreja Nova de Linda-a-Velha, a partir da tarde de hoje.
Amanhã, pelas 15H00, terá lugar a missa de corpo presente, seguindo-se o funeral para o cemitério de Carnaxide.
Os últimos meses do nosso camarada foram passados no meio de grande sofrimento, mas honrando até ao fim a única forma que ele conhecia de estar na vida: dando luta à doença impiedosa que o minava.
Em 1992, com centenas de outros oficiais, protagonizou a oposição declarada a um projecto de lei iníquo, que o Governo de então designava eufemísticamente por “racionalização de efectivos”, mas que visava, apenas e tão-somente, retirar das Forças Armadas, sem um mínimo de dignidade, oficiais e sargentos considerados excessivos face à reestruturação então operada.
O GEN Loureiro dos Santos, então CEME, demitiu-se inclusivamente das suas elevadas funções por discordar frontalmente do articulado originalmente proposto.
O processo desencadeado pelos nossos camaradas – que, é bom lembrá-lo, enfrentavam um quadro muito mais restritivo sob o ponto de vista do exercício de direitos de cidadania - passou, inclusivamente, por um abaixo-assinado depositado nas mãos do então Presidente da República, Dr. Mário Soares.
Por ser de justiça, devo recordar que o PR resistiu a todas as tentativas do Governo da época para que lhe fossem entregues as centenas de assinaturas constantes no abaixo-assinado.
O que é certo é que a luta dos nossos camaradas valeu a pena e o diploma que foi publicado, a Lei nº 15/92, de 5 de Agosto, que ficou conhecida como “Lei dos Coronéis”, era consideravelmente melhor que o projecto inicial.
Terminado o processo e por se terem apercebido que os oficiais tinham estado desamparados na defesa dos seus legítimos direitos e expectativas, doze camaradas, com o COR Figueira à cabeça, registaram notarialmente a AOFA em 12 de Outubro de 1992. Dos doze, quatro já desapareceram do nosso convívio.
“Para que nunca mais nos suceda o mesmo!”, era o seu lema.
De então para cá, o COR Figueira nunca deixou de estar ligado aos Órgãos Sociais da AOFA, de que foi Secretário-Geral, sendo agora membro do Conselho Deontológico.
E, mais do que isso, sempre acompanhou com muito interesse todas as actividades e iniciativas que a AOFA promoveu, mesmo fragilizado pela doença que o vitimou.
Em Junho deste ano, a AOFA prestou uma singela homenagem ao COR Duarte Figueira.
No entanto, sei que a homenagem que melhor receberia seria a de ter a certeza de que a AOFA continuaria o caminho iniciado em 1992.
Posso garantir que assim será!
Tasso de Figueiredo
COR TPAA/Secretário da AOFA/Sócio nº F-0064
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
Partiu Duarte Figueira
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