Andam por aí umas almas muito preocupadas com a imagem das chamadas elites do sítio. Dizem elas, as almas, que os indígenas começam a pensar que, afinal, as elites não passam de um bando de ladrões, que andou a roubar à grande e à francesa nas barbas de toda a gente.
Por este andar, dizem essas almas santas e puras, ainda vai acontecer como no 25 de Abril, em que as elites da época acabaram por ser destruídas na voragem da Revolução.
Numa coisa estas almas têm razão. A crise financeira e económica internacional teve o mérito de destapar o tacho e o cheiro é nauseabundo.
É evidente que a procissão ainda vai no adro mas, como é costume neste sítio pobre, deprimido, hipócrita, manhoso e cada vez mais mal frequentado, os padres de serviço já andam a fazer horas extraordinárias para evitar que o cortejo saia para as ruas e os indígenas vejam a porcaria que as tais elites andaram a fazer nestes 34 anos de vida democrática.
Agora, com as campainhas de alarme a tocar desalmadamente por tudo o que é banco e grupo económico encostado ao Estado-paizinho, os bombeiros de serviço, no caso os socialistas, andam todos os dias a apagar fogos com montes de pacotes de medidas e muitos milhões para tudo e mais alguma coisa.
Facto extraordinário para um sítio falido, com uma dívida monumental ao exterior e com o poder de compra mais baixo da Zona Euro. Agora já não há combate ao défice, não há aperto de cinto, as notas aparecem sabe-se de lá de onde, promete-se vezes sem conta as mesmas obras, multiplicam-se as linhas de crédito a empresas endividadas até ao pescoço e o senhor presidente do Conselho anima as famílias desesperadas com um ano de 2009 cheio de dinheiro.
Neste despautério em que o sítio vive há anos e anos, com muitos ladrões e polícias distraídos, é verdade que o cheiro é cada vez mais nauseabundo e o sítio começa a ter muitas parecenças com uma lixeira a céu aberto. Mas as almas preocupadas com a imagem das elites podem dormir descansadas. Os indígenas sabem que anda por aí muito ladrão. Mas também sabem há muito tempo que os polícias do sítio sempre tiveram o maior cuidado em proteger os donos do regime. E só não o fazem sempre porque às vezes zangam-se algumas comadres e sabem-se umas tantas verdades inconvenientes.
Mas é sempre Sol de pouca dura.
A procissão acaba sempre por ficar na igreja e os ladrões viram santos da santa democracia.
António Ribeiro Ferreira
in CM
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