António Alçada Baptista (Covilhã, 29 de Janeiro de 1927 - Lisboa, 7 de dezembro de 2008), foi um advogado e romancista português.
As Letras portuguesas perdem um homem que se furtou a uma carreira de advogado – chegou a exercer entre 1950 e 1957 – para se dedicar à escrita e à cultura, que o apaixonavam e às quais tanto deu.
Ao longo da vida, escreveu muito – ensaios, crónicas, romances, livros de memórias –, sempre com elegância e, no juízo do escritor Francisco José Viegas, sentido de sedução. "Alçada Baptista era sobretudo um conversador e um sedutor", afirma. "Ele seduzia as pessoas com quem se cruzava e seduzia os leitores com o tom suave, com a inocência da sua obra. Era difícil não gostar dele."
Ainda durante o Estado Novo, Alçada Baptista chamou a si a tarefa de divulgar e promover a cultura portuguesa e investiu a sua fortuna pessoal para fundar a influente revista ‘O Tempo e o Modo’.
Foi também, entre 1957 e 1972, director da Moraes Editora, função onde revelou a sua generosidade no apoio a jovens escritores. Na década de 70, conquistou, enquanto escritor, as boas graças do público – algo que o próprio justificava com a forma desassombrada como assumia e descrevia os afectos.
Depois do 25 de Abril, dirigiu o jornal ‘O Dia’, foi presidente do Instituto Português do Livro e alargou o âmbito da sua acção de divulgador cultural através de crónicas que escrevia para a rádio, televisão, vários jornais e revistas.
Sócio da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Internacional de Cultura Portuguesa, foi presidente da Comissão de Avaliação do Mérito Cultural e administrador da Fundação Oriente. Foi-lhe atribuída a Ordem Militar de Cristo (1983) e a Grã-Cruz da Ordem do Infante (1995).
Em 1971 publica o seu primeiro livro de reflexões Peregrinação Interior IPeregrinação Interior II, publicada em 1982.
Seguiram-se entretanto as obras O Tempo Nas Palavras, Conversas Com Marcello Caetano e Os Nós e os Laços. Catarina ou o Sabor da Maçã; Tia Suzana, Meu Amor e O Riso de Deus, A Pesca à Linha - Algumas Memórias, um livro que se assume como uma obra de memórias, recordações, lucidez e ironia, e à qual não é alheio o profundo sentido afectivo que caracteriza a escrita deste autor.
Como cronista e defensor da liberdade Alçada Baptista publicou em Outubro de 2002 Um Olhar à Nossa Volta, o testemunho de uma vivência colectiva registada na década de 70 e 80 marcada por inquietações político-sociais. E agora A Cor dos Dias – Memórias e Peregrinações.
Os amigos evocam um homem bom, íntegro e com sentido de humor. Os leitores, esses recordam o escritor que soube compreender como poucos a alma feminina e para quem escrever um romance era, antes de mais, saber contar uma história.
Morreu ontem, às 15h00, aos 81 anos, e vai ser sepultado hoje, às 13h30, no cemitério dos Prazeres.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Morreu o escritor António Alçada Baptista...Mestre da alma feminina...
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António Alçada Baptista,
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