sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Alexandre O'Neill...Poeta Surrealista...

Alexandre Manuel Vahía de Castro O'Neill de Bulhões (Lisboa, 19 de Dezembro de 192421 de Agosto de 1986), ou simplemente Alexandre O'Neill, descendente de irlandeses, foi um importante poeta do movimento surrealista em Portugal fundador do Movimento Surrealista de Lisboa.
Foi várias vezes preso pela polícia política, a
PIDE.
Biografia
As suas primeiras influências surrealistas surgem no ano de
1947, quando contacta com Mário Cesariny. Em 1948, fundam o Grupo Surrealista de Lisboa, juntamente com José Augusto França, António Pedro e Vespeira.
Publica em 1948, dentro desta corrente, o volume de colagens A Ampola Miraculosa, integrado na colecção dos Cadernos Surrealistas.
Este grupo depressa se divide em dois e dá origem ao
Grupo Surrealista Dissidente, com personalidades como António Maria Lisboa e Pedro Oom.
Também este grupo se dissolve poucos anos depois, mas as influências surrealistas permanecem visíveis nas obras de Alexandre O'Neill.
Alexandre O'Neill, não conseguindo viver apenas da sua arte, alargou a sua acção à publicidade. É da sua autoria o lema publicitário «Há mar e mar, há ir e voltar».
Publicou as antologias poéticas de
Gomes Leal, de Teixeira de Pascoaes (em colaboração com F. Cunha Leão), de Carl Sandburg e de João Cabral de Melo Neto.
Gravou o disco «Alexandre O'Neill Diz Poemas de Sua Autoria».
Em
1966, foi traduzido e publicado na Itália, pela Editora Einaudi, um volume da sua poesia, Portogall'o Mio Rimorso.
Em
1982 recebeu o prémio da Associação de Críticos Literários.
.
Poema
.
Há palavras que nos beijam
.
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.
.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)
.
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

Sem comentários: