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A palavra tem provocado algumas dúvidas no público em geral e nas entidades desportivas que ao longo dos anos têm pedido pareceres a linguistas sobre esta matéria.
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Apesar da orientação do Comité Paralímpico Internacional, que impõe aos seus comités filiados o uso do termo paralímpico, os linguistas contactados pela agência Lusa explicaram que a utilização daquela palavra é incorrecta, acrescentando que é «violadora da estrutura do Português».
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Em entrevista à agência Lusa, a linguista e consultora do site Ciberdúvidas Maria Regina Rocha defendeu que a palavra correcta é «paraolímpico» e não «paralímpico». «A palavra de raiz, a palavra original é Olímpia, vem da cidade de Olímpia onde começaram os Jogos Olímpicos. Quando se dão aglutinações, a raiz da palavra original não deve ser maculada porque senão perde-se o valor semântico. Por isso, não deve ser retirado o 'O' inicial porque faz parte do radical da palavra», explicou.
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Porque é que vinga uma palavra em vez de outra, por vezes não é por questões linguísticas ou razões de circunstâncias que levam a que tal aconteça. Do ponto de vista linguístico é um erro pela simples questão de ferir com a carga semântica da palavra original», sublinhou. No entender da linguista, o radical é a parte mais importante da palavra e em «paralímpico» a palavra Olímpia, que seria o radical, desapareceu. «Por exemplo, uma palavra derivada de amor, como amoroso, amorosamente. Aquele 'am' tem de estar sempre presente porque pertence ao radical de amar. Não posso pôr 'moroso'. Não podia pôr o indivíduo que ama ser o 'mante', tem de ser amante», explicou.
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Maria Regina Rocha lamentou ainda à Lusa a inexistência em Portugal de uma instituição que regule a língua, que diga como é que as palavras deverão ficar.
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Também Margarita Correia, linguista e autora em 2005 de um parecer sobre o assunto pedido pelo Instituto do Desporto de Portugal (IDP), explicou à Lusa que na sua opinião se deve usar os termos «paraolímpico» ou «parolímpico» e não «paralímpico». De acordo com Margarita Correia, em português, o termo resulta de um empréstimo do inglês paralympics (nome), do qual se terá construído também nessa língua um adjectivo, «paralympics».
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«A palavra «paralímpico» é uma amálgama, uma junção das palavras inglesas (para) plegic + (o) lympics e em inglês de facto o nome olympics perdeu o 'O' e ficou paralympics», explicou a linguista. Segundo Margarita Correia, sempre que as palavras são importadas de outras línguas «constituem termos científicos e/ou técnicos que deveriam ser sempre alvo de intervenção de alguma entidade de modo a não introduzir na língua termos violadores da sua estrutura, nomeadamente morfológicas». «Eu percebo que seja mais fácil para as pessoas usar «paralímpico», as notícias de agência vêm em inglês e em inglês é «paralympics» e a tendência é usar como está. Não vejo que venha daí mal ao mundo mas se eu tiver de escrever numa situação formal vou usar ‘paraolímpico’», sublinhou a professora.
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Também Margarita Correia defendeu à Lusa que deveria haver uma instituição que regulasse a língua, à semelhança do que acontece em Espanha com a Academia Real Espanhola.
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O linguista Carlos Rocha também referiu à Lusa que o termo correcto é «paraolímpico», realçando que esta palavra não tem grande aceitação por parte dos linguistas porque estes consideram que «é uma adaptação apressada de uma amálgama de uma palavra que é inspirada por um elemento de origem grega em inglês».
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«Contudo, há uma coisa na história da língua que é a força do uso. Não havendo língua acompanhada por uma entidade que trate de identificar formas correctas e estabelecer critérios de correcção linguística é provável que a palavra «paralímpico» se imponha», disse Carlos Rocha.
LUSA
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