terça-feira, 6 de janeiro de 2009

O governo aposta na morte dos ex-combatentes, evitando apoiá-los na doença

Defesa. Relatório da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa

Cavaco Silva lembrou a prioridade de apoiar os deficientes militares

A forma como os veteranos de guerra e deficientes militares são tratados condiciona a imagem das Forças Armadas e afecta o recrutamento de jovens para as fileiras, indica um relatório da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).

"Publicidade negativa sobre o deficiente tratamento dado aos veteranos pode afastar potenciais futuros recrutas" de se alistar nas Forças Armadas. "Enquanto empregador responsável, as Forças Armadas têm o dever de cuidar dos seus actuais e antigos empregados", afirma o relatório, relativo a 2008, do Gabinete para as Instituições Democráticas e Direitos Humanos da OSCE (ODIHR, sigla em inglês), sediado em Varsóvia.

"É no interesse das Forças Armadas como empregador cuidar dos veteranos, na medida em que melhores serviços para [esses combatentes] também podem ser vistos como um incentivo ao recrutamento." Acresce, prossegue o relatório, que "conceder melhores benefícios aos veteranos mostra aos actuais e futuros [efectivos militares] que as Forças Armadas são um empregador responsável".

O relatório surge poucas semanas depois de o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, ter insistido (no passado dia 19 de Dezembro) na necessidade de se "assegurar o adequado apoio que os deficientes das Forças Armadas reconhecidamente merecem". "O apoio a uma saúde de- bilitada, fortemente agravada com o natural envelhecimento, constitui a principal prioridade, requerendo (...) o prosseguimento de uma acção concertada" do Governo, declarou o Chefe do Estado, durante uma visita à sede da Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA).

Num artigo de opinião publica- do três dias depois no Jornal de Notícias, o jornalista Mário Crespo sublinhou que "a assistência aos deficientes das Forças Armadas tem sido considerada questão menor. Sucessivos governos têm aguardado que o problema dos antigos combatentes em geral e dos deficientes em particular se resolva por si". Para isso "têm-se inventado redefinições dos graus de invalidez. Reavaliado o que são situações de guerra e de combate. Tudo para conseguir roubar na assistência aos veteranos", afirmou Mário Crespo.

In DN

1 comentário:

Anónimo disse...

Os abandonados combatentes por este governo teriam tido melhor sorte se tivessem optado por outras carreiras mais "nobres": políticos ou banqueiros. Dessa forma teriam hospitais particulares para o que necessitassem, e reformas milionárias ao fim meia dúzia de anos a dormitar nos sofás de gabinetes alcatifados e com ar condicionado, é claro.