A crise, a bendita crise económica e financeira para o PS e para o senhor presidente do Conselho, tem pés para andar.
Finalmente, veio a ordem de São Bento para se falar em recessão.
Generoso, condescendente com os indígenas, José Sócrates antecipou o relatório de Inverno do Banco de Portugal e decretou que o sítio estava em recessão. Aguarda-se para os próximos dias a autorização oficial para se poder falar também em depressão. Até lá é preciso ter cuidado com as palavras para não enfurecer o chefe do Governo e os seus muitos acólitos dentro e fora do Governo.
Sim, porque não é impunemente que se anda por aí a estragar os planos da maioria e as suas extraordinárias estratégias em ano farto de eleições e outras misérias.
Ainda há dias o senhor procurador-geral da República se mostrou preocupado com o aumento da criminalidade violenta em 2009, fruto do desemprego galopante, de rupturas sociais graves e de uma crise profunda, que vai muito para além da actual recessão económica que atinge praticamente todo o Mundo.
Foi o Diabo.
Insensato e alarmista foi o mínimo que lhe chamaram as muitas vozes do dono e as que aspiram a sê-lo a curto prazo neste sítio pobre, deprimido, manhoso, hipócrita e obviamente cada vez mais mal frequentado.
Mas a bendita crise dá para tudo e mais algumas coisa. Até dá para o senhor presidente do Conselho atirar uma enorme pedrada no combate à corrupção ao autorizar adjudicações directas de obras até cinco milhões de euros.
Vai ser o despautério total, com notas a voar do Estado para os bolsos das muitas clientelas alimentadas a pão-de-ló pelos detentores do poder nestes trinta e quatro anos de democracia. E como a crise dá para tudo, até dá para cálculos eleitorais.
Enquanto os indígenas andam por aí deprimidos e cada vez mais pobres, os senhores e senhoras que mandam no sítio, bem acompanhados pelos analistas e comentadores de coisa nenhuma, discutem com grande fervor patriótico as datas das eleições.
Há teses para tudo e mais alguma coisa. Uns querem juntar as europeias às legislativas, outros as autárquicas às legislativas, uns tantos desejam tudo bem separadinho e ainda há os que teorizam sobre a vantagem do três em um.
Evidentemente que 2009 vai ser um ano de desbunda democrática, com muito dinheiro a saltar de um lado para o outro. E como o futuro pertence sabe-se lá a quem, o certo e sabido é que vamos de certeza ficar mais pobres e desgraçados.
António Ribeiro Ferreira
in CM
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
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