A hipocrisia desceu de novo à rua no dobrar de mais um ano. Perante o horror de centenas de palestinianos mortos e feridos pelo genocídio que Israel continua a levar a cabo em Gaza, não se podem aceitar nem entender posições de falsa equidistância ou pretensa imparcialidade.
Quem se abriga neste posicionamento, covarde ou conscientemente cúmplice, não pode deixar de ser também politicamente responsável pela morte de centenas de civis palestinianos, (homens, mulheres e crianças), que nada por nada pode justificar. Nem sequer o pretexto de responder a algumas dezenas de rockets artesanais lançados de Gaza, os quais, para além do barulho, nunca tiveram consequências vitais significativas, na população ou património israelita.
Importa lembrar aos praticantes da "equidistância conveniente" que o genocídio não começou com os mais recentes ataques da aviação israelita a faculdades, mercados, mesquitas ou tudo o que "mexesse" em Gaza.
O genocídio começou há muito e prosseguiu durante o famoso cessar-fogo, cuja violação se quer também atribuir aos palestinianos para poder justificar a (falsa) imparcialidade.
O genocídio existe à moda do "Gueto de Varsóvia", com o controle absoluto do espaço aéreo, portos e todas as fronteiras de Gaza (mesmo as que, como com o Egipto, não são fronteiras de Israel), com o cerco total de Gaza e da sua população, atrasando e impedindo a ajuda médica e humanitária para a população civil.
O genocídio é, enfim, a asfixia total de uma das zonas mais densamente povoadas do Médio Oriente, haja ou não cessar-fogo.
Sublinhe-se também que, em Gaza, o cessar-fogo tem um conceito próprio para quem está mais apostado no genocídio que na Paz. No tal período de tréguas, por um acaso que o nunca o é sempre que de um lado está Israel, houve pelo menos uma incursão militar em Gaza e mais de meia centena de palestinianos morreram, enquanto nem um israelita - civil ou militar - foi atingido (não obstante os "mortíferos" rockets)…
Honorio Novo
in JN
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