sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Em contagem (de)crescente


Pois é!

O Mundo ficou feliz por, finalmente, os Estados Unidos da América, elegerem um descendente de negros como presidente.

Tantos anos depois de Abraham Lincoln ter abolido a escravidão naquele “novo mundo” que passou a ser a esperança do “velho.”

Tantos anos depois de, por isso, a mais jovem e exemplar”democracia” de todas as Civilizações travar uma guerra civil sangrenta, cujo resultado final – com a vitória dos abolicionistas – nem pouco mais ou menos acabou com o racismo naquela “união”.

O tal Ku Klux Klan, vestido e encarapuçado de branco, lá se foi entretendo em assassinar Martin Luther King e, em ligação com a máfia, John e Robert Kennedy.

Depois, lá foram mantendo o sistema: elegendo presidentes (racistas e de direita) que até levaram para os dois cargos mais importantes do governo, secretários de Estado negros. Um era general na guerra perdida do Vietname; a outra é mulher. Julgo que ainda se lembram duma tal Condoleezza Rice (até me faz lembrar raiva) que ainda continua a ter a pasta dos negócios estrangeiros americanos.

Pois é…

Anda (quase) todo o mundo esperançado na cor da pele do presidente eleito. Eu, não.

Como tive a felicidade de nascer e conviver numa terra em que existiam várias cores de pele;

como tive a oportunidade de escolher os meus amigos – e ser escolhido por eles – sem nos preocupar a “raça” que nos estava inscrita no bilhete de identidade…

Como:

como , afinal, a dignidade, honestidade, a moral e…

enfim:

A ÉTICA.

E ESSA NÃO DEPENDE DA COR DA PELE.

Peço que o Senhor Obama faça por exemplo, o seguinte:

- Estenda a competência do Tribunal Penal Internacional – já que é “internacional” – aos cidadãos americanos; desde logo, pronuncie e ponha à disposição do TPI – apresentando provas suficientes de que dispõe – os crimes de guerra e contra a humanidade, da administração presidida pelo seu antecessor.

- Permita à ONU que convoque uma verdadeira refundação: recriando organização representativa e capaz de respeitar e servir os povos a que a todos nós pertencemos.

- Conduza uma efectiva política de Paz, aproveitando a capacidade bélica (que ainda detém) para obrigar ao desarmamento nuclear – em diálogo e consonância com os restantes países que também dispõem dessa arma.

O dia 20 está a chegar e Barak Obama assumirá o poder.

O que não acredito é que, Barak Obama, vá transformar os Estados Unidos e o mundo, naquilo que a maioria da Humanidade espera.

No fundo, o novo presidente não é mais, nem menos, do que um americano que pertence ao sistema. Com provas dadas, é claro: então o senhor já não era senador? Será que ele vai acabar com o complexo militar industrial e convencer os americanos que não passam de mais um povo como outro qualquer?

Acreditam nisso?

Bem gostava, mas não.

Desejo, sinceramente, que esteja enganado.

Álvaro Fernandes

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