José Sócrates defendeu-se do Freeport, saindo ao ataque. Politicamente seria impensável o silêncio. Este é mesmo um daqueles casos em que quem cala consente.
Na frente judicial, no processo ‘português’, Sócrates deixou claro, de forma implacável, que os actos dos seus familiares (o tio e o primo) só os responsabilizam a eles. E, na verdade, tudo o que é conhecido dos seus dois familiares reflecte um funcionamento clientelar, mas não se pode dizer que possa responsabilizar Sócrates.
Agora, é decisivo saber que reunião foi aquela com os promotores do Freeport. Quem estava lá? Estava assim tanta gente como parece? A reunião de que Sócrates fala é a mesma de que fala o seu tio? O que foi efectivamente conversado e decidido? Esta é uma questão por esclarecer.
Por outro lado, não adianta muito a Sócrates dizer que tudo foi aprovado de acordo com as regras em vigor na altura. É que, nesta investigação, o que está em causa é saber se houve um acto de corrupção para acto lícito. Se alguém teve de pagar ‘luvas’ e se alguém recebeu para produzir uma decisão que está no âmbito das suas competências.
Uma coisa é certa: o clima de suspeição pública chegou a um ponto em que já ninguém sai muito bem. Muito menos a Justiça, que, se acusa, dá um golpe no PS e em Sócrates; se arquiva, está a abafar o caso. Dilemas velhos...
Eduardo Dâmaso
in CM
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