quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Louvor do novo...

Os começos são sempre belos. Mesmo sendo apenas um acidente de calendário, acendem outra vez, por um momento, a trémula chama da esperança.
A esperança tem má fama. Rafael Alberti chama-a de "puta"; e, nos idos de 60, Geraldo Vandré cantava que "esperar não é saber,/ quem sabe faz a hora, não espera acontecer".
É verdade que a esperança desvia os homens da acção, mas eu acho que sem esperança nenhuma acção tem sentido.
Antigamente, nas passagens de ano deitavam-se os trastes velhos fora, simbolizando o desejo de ruptura e de recomeço; e a ideia de recomeço é estruturante de todos os grandes sonhos mobilizadores, incluindo o cristianismo.
O ano que hoje começa não será diverso, senão para pior, do anterior, mas, "pálido e setemesinho", é Novo e, por um dia, chega. Porque o novo é, como diz João Cabral de Melo Neto, "belo como um sim/ numa sala negativa", uma insegura porta "abrindo-se em mais saídas". Belo como "a coisa nova/ na prateleira então vazia", ou "como o caderno novo/ quando a gente o principia", mesmo se não fazemos a mínima ideia, e justamente por isso, do que será escrito nele.
in JN

1 comentário:

Anónimo disse...

Pois sim. Esperança, foi algo que sempre tive, mesmo quando a maioria lhe chamava utopia e, afinal, concretizamos e até já pertence ao nosso passado histórico.
A propósito:
Tenho esperança que o velho, irresolúvel, e trágico conflito do Médio Oriente - um eufemismo que continua em vigor na Palestina, com mais um desenfreado ataque "defensivo" de Israel - não se transfira para o sub-continente indochinês. É que, depois do descalabro do Paquistão, do domínio crescente dos talibãs naquele país, e das sucessivas provocações feitas à Índia, pode acontecer algo muito diferente do velho (e mal resolvido) problema da Caxemira.
Não vá algum deles lembrar-se de disparar o primeiro míssil nuclear que, como todos sabemos, ambos possuem.
Nesse caso, qual judeus e árabes, qual fundamentalismo islâmico, qual americanos, qual carapuça?!
Alguém me sabe dizer o que pensa, e o que significa o silêncio da China a propósito disso?