Ambroise-Paul-Toussaint-Jules Valéry (30 de outubro de 1871, em Sète – 20 de julho de 1945, em Paris) foi um filósofo, escritor e poeta francês, da escola simbolista.
Biografia
Paul Valery estudou direito em Montpellier, onde publicou suas primeiras poesias: "Sonho"(1889) "Elevação da lua" (1889), "A marcha imperial" e "Narciso fala".
Sua amizade com Pierre Louis lhe abriu as portas literárias de Paris, onde conheceu André Gide e Mallarmé (1891), com quem teria uma grande amizade.
Seu amor não correspondido por Madame Rovira precipitou uma crise que o levou em 1892 a renunciar à poesia e a consagrar-se ao culto exclusivo da razão e inteligência.
Em 1894 se instalou em Paris e no ano seguinte publicou ensaios filosóficos: "Introdução ao método de Leonardo da Vinci" e "Monsieur Teste", este último foi uma série de dez fragmentos onde expõe o poder da mente voltada à observação e dedução dos fenômenos.
Trabalhou como funcionário do Ministério da Guerra (1895) foi secretário particular de Édouard Lebey (1900-1920), um dos editores da agência Havas.
Obteve grande notoriedade com a publicação do poema "A Jovem Parca" (1917) e dos volumes de versos "Álbum de Versos antigos (1920) e "Charmes" (1922) que inclui seu poema "O Cemitério Marinho" considerado o protótipo da "poesia pura" de Valery.
Em 1925 ingressou na Academia Francesa.
Paul Valéry foi um misto de pensador e de poeta. Inseriu-se na linhagem de escritores transgressivos que tinham como expoentes Edgar Allan Poe e Stéphane Mallarmé.
Sua obra poética é considerada como uma das mais importantes da poesia francesa do século 20. Sua obra ensaística é a de um homem tolerante que depreciava as idéias irracionais e acreditava na superioridade moral e prática do trabalho.
Recusava a metafísica e os sistemas filosóficos. Recusava aos historiadores, qualquer poder de ensinamento e de previsão, já que suas lições eram ultrapassadas pelos acontecimentos.Rigoroso, Valéry se empenhou na busca de um método destinado a fazer da criação poética uma obra de precisão. O lirismo para ele não ia além do "desenvolvimento de uma exclamação".
Suas obras seguintes foram diálogos em prosa: "Eupalinos ou o Arquiteto" (1923) e "A Alma e a Dança" (1923).
Posteriormente publicou uma recopilação de ensaios e conferências ("Variedades", 5 volumes, 1924-44) e uma série de obras como "Rumbas" (1926), "Analetos" (1927), "Literatura" (1929), "Consideração sobre o Mundo Atual" (1931) "Maus Pensamentos e Outros" (1941) e "Tal Qual" (1941-43). Foi também professor de poética e escreveu balés para teatro como "Semiramis" (1934)
O livro "Degas Dança Desenho", publicado em 1936, aproxima literatura e artes plásticas e traça um perfil valioso de Edgar Degas (1834-1917).
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Poema
O vinho perdido
Eu tenho, algum dia, no oceano,
Eu tenho, algum dia, no oceano,
(Mas eu não sei mais se debaixo de que céus),
Lançado, como não me oferecendo ao nada,
Todo um pequeno precioso vinho...
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Quem quis esta perda, oh licor?
Quem quis esta perda, oh licor?
Eu obedeço, talvez ao vidente?
Talvez para a preocupação de meu coração,
Pensando em sangue, vertendo-me vinho?
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Em transparência habitual
Em transparência habitual
Depois da fumaça rosa
Recupera-me como o mais puro mar...
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Perdido o vinho, misturado entre as ondas!...
Perdido o vinho, misturado entre as ondas!...
Eu cuidei de saltar meu ar amargo
Das faces mais profundas...
(tradução livre de Eric Ponty)
(tradução livre de Eric Ponty)
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