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É a esta invenção moderna, perto dos jogos de computador que diverte os jovens de hoje, que João Caraça, professor universitário e director do Serviço de Ciência da Fundação Gulbenkian, se refere neste extracto do artigo publicado no diário Público.
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Mas a actual crise financeira tem o seu reverso: abre uma janela de oportunidade que é necessário aproveitar.
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A maior parte das pessoas parece esquecida de que a crise financeira e económica de 1930 teve um papel fundamental na preparação de uma nova infra-estrutura técnico-económica baseada na produção industrial em massa e no consumo de petróleo barato. E de que passámos por uma situação semelhante a essa há pouco mais de duas décadas (a crise dos anos de 1980, que se seguiu às chamadas “crises do petróleo” de 1973 e 1979) em que se criaram as bases da actual sociedade da informação.
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A crise de agora é do mesmo tipo e anuncia já uma nova alteração estrutural da economia global. Por outras palavras, a crise é, mais uma vez, de passagem, preparação e selecção dos vencedores da próxima grande mudança estrutural da economia mundial que virá dentro de 10 a 20 anos. Esta crise financeira resultou em grande medida do desprezo pelos manuais de economia, que afirmam claramente que as finanças são a actividade económica que medeia entre a poupança e o investimento. E que não se podem dissociar as finanças da economia “real”, que é a actividade complementar daquela: a transformação de investimento em poupança. Se desvalorizarmos este facto podemos até julgar que as finanças são autónomas e que estas orientam toda a actividade económica. Daí a considerar que a força de trabalho deve servir totalmente os interesses hegemónicos das finanças vai apenas um pequeno passo, que gera por sua vez o desprezo pelo trabalho humano.
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A crise de agora é do mesmo tipo e anuncia já uma nova alteração estrutural da economia global. Por outras palavras, a crise é, mais uma vez, de passagem, preparação e selecção dos vencedores da próxima grande mudança estrutural da economia mundial que virá dentro de 10 a 20 anos. Esta crise financeira resultou em grande medida do desprezo pelos manuais de economia, que afirmam claramente que as finanças são a actividade económica que medeia entre a poupança e o investimento. E que não se podem dissociar as finanças da economia “real”, que é a actividade complementar daquela: a transformação de investimento em poupança. Se desvalorizarmos este facto podemos até julgar que as finanças são autónomas e que estas orientam toda a actividade económica. Daí a considerar que a força de trabalho deve servir totalmente os interesses hegemónicos das finanças vai apenas um pequeno passo, que gera por sua vez o desprezo pelo trabalho humano.
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E, como alguns “grandes especialistas” que agora se lamentam (mas não devolvem as mais que chorudas reformas e benesses que auferiram) pode-se, à sombra do poder geopolítico das esquadras navais e aéreas norte-americanas, seduzir meio mundo e confiar-lhes as suas poupanças para desenvolver negócios “sofisticados” de alto rendimento. Só que muitas dessas aplicações financeiras eram uma versão de “Wall Street” do negócio da D. Branca. Eram puras abstracções. Não eram sustentáveis. Mas como foi possível que ninguém desconfiasse?
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Por este motivo a palavra “confiança” voltou com tanta força à ribalta. As instituições americanas de gestão do risco financeiro foram abaladas. Aguentarão? Ou haverá noutras regiões do mundo instituições e redes que saibam tirar partido desta crise e se perfilem para convencer o mundo de que conduzirão melhor os riscos e as oportunidades que surgirão na próxima grande transformação estrutural? Infelizmente não é o futuro que o dirá. É a visão estratégica e a capacidade de o anteciparmos, hoje. De que estamos à espera? Não há tempo a perder.
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Por este motivo a palavra “confiança” voltou com tanta força à ribalta. As instituições americanas de gestão do risco financeiro foram abaladas. Aguentarão? Ou haverá noutras regiões do mundo instituições e redes que saibam tirar partido desta crise e se perfilem para convencer o mundo de que conduzirão melhor os riscos e as oportunidades que surgirão na próxima grande transformação estrutural? Infelizmente não é o futuro que o dirá. É a visão estratégica e a capacidade de o anteciparmos, hoje. De que estamos à espera? Não há tempo a perder.
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