sexta-feira, 18 de abril de 2008

RAMOS-HORTA REGRESSOU DÍLI

O Presidente José Ramos-Horta agradeceu esta sexta-feira em Díli «o apoio inestimável» da GNR em Timor-Leste e recordou a intervenção do contingente português a 11 de Fevereiro, noticia a agência Lusa.

«Os médicos aconselharam-me a ter calma nas minhas actividades», afirmou José Ramos-Horta aos jornalistas no quartel do Subagrupamento Bravo da GNR, em Caicoli, Díli, na primeira cerimónia pública após regressar ao exercício das funções de chefe de Estado.

«Por recomendação médica, eu não viria, mas em relação à GNR eu não podia deixar de fazer um esforço especial para estar presente, para agradecer a toda a corporação o apoio inestimável que tem dado ao povo timorense desde Maio de 2006», explicou o Presidente da República.

«Creio que, até agora, não faltei a uma cerimónia de despedida de cada contingente que cá tem estado», acrescentou o chefe de Estado timorense.

José Ramos-Horta participou da cerimónia de condecoração dos 141 militares da GNR e da equipa de três elementos do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) com a Medalha de Mérito Liberdade e Segurança na União Europeia.

A condecoração é atribuída pelo ministério da Administração Interna português e na cerimónia esteve presente o comandante-geral da GNR, tenente-general Mourato Nunes.

«Embora a situação de anarquia ou violência de 2006 tenha sido a pior», José Ramos-Horta sublinhou «o significado dos incidentes do 11 de Fevereiro, com a agressão contra o Presidente da República e o primeiro-ministro».

«Foi o incidente mais grave e que poderia ter desembocado numa situação muito mais grave à escala de todo o país», declarou José Ramos-Horta. In “Portugal Diário”

Pois podia! Aliás, no Natal de 2002 e após ter regressado de Díli em Maio desse ano, escrevi o seguinte:

Do conteúdo ao apelo, da reportagem à denúncia, da confissão entrevistada à esperança, da realidade observada e escrita, tudo, mas mesmo tudo, infelizmente é verdade. Como infelizmente é verdade que, em última análise, a responsabilidade cabe em primeiro lugar às Nações Unidas, que deixaram os timorenses entregues a si próprios, sem os apetrecharem com os meios mínimos para iniciarem a reconstrução, o desenvolvimento económico e o progresso social.

Resta-me constatar que, este mês e perante a grave alteração da ordem pública, o comportamento do senhor indiano que substituiu o outro senhor brasileiro à frente dos funcionários burocratas instalados em Díli, foi, é, e será o mesmo: a mais completa inépcia, com consequências dramáticas e, há que dizê-lo, cumplicidades criminosas. Pelo menos, enquanto as Nações Unidas presentes em Timor forem o que são.

Mas pouco me conforta ter razão... ou vê-la reconhecida mais tarde. Pessoalmente, estou há muito farto de (não) me habituar a isso.

Já ninguém pode continuar, como avestruz, a meter a cabeça na areia.

Para fingir que não andou à chuva, já ninguém pode sacudir a água do capote.

A Portugal cabe assumir as suas indeclináveis responsabilidades históricas.

Os timorenses esperam que haja solidariedade e coragem para o fazer.

Os portugueses têm o dever de o exigir.

S. João do Estoril, Natal de 2002

Álvaro Fernandes in “Testemunhas de um País novo”, Editorial Mensagem, Lisboa Março de 2003


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