As comemorações dos 500 anos da cidade do Funchal – a que Aníbal Cavaco Silva se desloca em visita oficial durante seis dias – decorrem sob a polémica provocada por mais uma atitude grosseira e bombástica de Alberto João Jardim.
Além de proibir uma sessão solene de boas vindas ao Presidente da República no Parlamento Regional, o governante madeirense justificou a recusa chamando publicamente “bando de loucos” aos deputados da oposição e “fascista” a Baltazar Aguiar que, a propósito, declarou ao DN o seguinte:
“[Alberto João Jardim] Nascido numa família do [antigo] Regime, sofreu aquilo a que se chama uma ‘lavagem ao cérebro’ e isso deixou marcas e traumas que eu me habituei a aceitar com paciência e tolerância. Desta vez, porém, ultrapassou todas as marcas. Ao projectar aquilo que vê em si nos outros, ofendeu todos os deputados regionais e envolveu o Presidente da República numa situação pouco edificante.”
O mais curioso do incidente é não ter havido, até agora, consequências assinaláveis. Com efeito, independentemente dos protestos dos deputados visados pelo insulto, a visita oficial do PR decorre como previsto, e Cavaco Silva tem ignorado a questão. Contudo, a história da “Pérola do Atlântico” e da democracia (pelo menos formal) de que goza desde o 25 de Abril, merecia mais respeito por parte de quem a governa.
O povoamento iniciou-se em 1424, quando a ilha da Madeira foi dividida em duas capitanias. A capitania do Funchal coube a João Gonçalves Zarco que aqui se fixa com os seus familiares.
Com a sua posição geográfica, a existência de um bom porto marítimo e a produtividade dos seus solos, constituiu-se cedo um importante núcleo de desenvolvimento da ilha. A designação de Funchal deve-se à existência da planta aromática designado por funcho que abundava no burgo primitivo e se alargava até à beira-mar.
Recebeu o primeiro foral entre 1452 e 1454, que o elevou a vila e a sede de concelho, em 1508 é elevada a cidade e em 2008 são comemorados os 500 anos.
Quanto a acontecimentos marcantes neste concelho, pode-se mencionar a instalação de comerciantes vinícolas ingleses, no século XVII, que modificaram os modos de vida, a morfologia arquitectónica e o desenvolvimento económico da cidade.
A nível de património arquitectónico, destacam-se alguns edifícios: Igreja e Mosteiro de Santa Clara, construídos entre 1489 e 1496, em estilo hispano-árabe, o Fortaleza Palácio São Lourenço da primeira metade do século XVI, a Sé Catedral, projectada por Pêro Anes a mando do rei D. Manuel I e que tem um dos mais belos tectos de Portugal feitos com a madeira da Ilha, contém uma mistura de estilos arquitectónicos: o flamengo, com linhas góticas e características do estilo Manuelino foi terminada em 1514 ano em que é também elevada a bispado. Edifícios também importantes são: o paço episcopal, o palácio do governo regional, a câmara municipal do Funchal, o teatro Baltasar Dias, os museus das Cruzes, Municipal e de Arte Sacra. O Forte do Ilhéu e a Fortaleza do Pico são monumentos históricos que marcaram a necessidade de um bom sistema defensivo contra os frequentes ataques de piratas e corsários.
As personalidades marcantes que passaram pelo Funchal foram: Elizabeth Wittelsbach, conhecida como Sissi imperatriz da Áustria (1837 - 1898) que procurou esta cidade por motivos de lazer e de saúde, Carlos I, Imperador da Áustria e rei da Hungria, marechal polaco Józef Piłsudski para recuperar a sua saúde, Winston Churchill que passou pelo Funchal de férias onde pintou alguns quadros, Fulgêncio Batista que fez uma escala no Funchal para o exílio em Espanha.
Neste concelho predomina o sector terciário, muito ligado ao turismo, nas áreas de comércio, restauração e serviços de hotelaria, seguido pelo sector secundário, com as indústrias de construção civil, lacticínios, floricultura e artesanato.
Na agricultura predomina o cultivo da Vinha seguido da bananeira e finalmente de flores ornamentais e frutos subtropicais. A pecuária tem alguma (pouca) importância, principalmente na criação de aves, coelhos e ovinos.
O porto do Funchal é um centro turístico e de importância relevante para os cruzeiros europeus que fazem escala para Marrocos, ilhas Canárias, Caraíbas e Brasil, tendo sido a primeiro ponto de paragem na viagem inaugural do Queen Mary II.
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