Bússola portuguesa é estrela de leilão em Londres
Uma rara e requintada bússola portuguesa do século XVIII é a estrela de um leilão de objectos científicos e ligados às viagens que vai realizar-se quarta-feira em Londres.
«É a primeira vez que algo semelhante surge para venda. Vai ser a única oportunidade para adquirir no mercado ou junto de uma instituição», declarou à agência Lusa o especialista em «Viagens, Ciência e História Natural» da leiloeira Christies, James Hyslop.
A sua raridade transformou-a na «estrela do leilão» de quarta-feira e viu-lhe ser atribuído um «armário próprio».
«Aconselho a ver porque é improvável que seja possível mexer numa durante muitos, muitos anos», adverte o perito.
Assinada por Manoel Ferreira, artesão de Lisboa, como tendo sido concebida em 1755, a bússola está finamente decorada com motivos florais em vermelho, verde, azul, amarelo e dourado e tem as armas da Coroa Portuguesa como indicador do Norte.
A bússola encontra-se numa caixa de madeira de mogno e tampa de vidro, com as dimensões aproximadas de 25x25x16 cm e foi avaliada por um valor entre os 25 mil e 37,5 mil euros.
Exemplares do mesmo tipo podem encontrar-se no Musée de la Marine, em Paris, também da autoria de Manoel Ferreira, e no Whipple Museum, em Cambridge, de Joseph da Costa Miranda, mas são raros.
«Normalmente não sobrevivem. Estavam [instaladas] em navios e iam ao fundo com eles», justifica o perito britânico.
A bússola que vai a leilão é um exemplar requintado dos instrumentos de navegação desenvolvidos no século XVI e usados pelos marinheiros portugueses.
Na bússola em causa está inscrito um nome aparentemente holandês e várias datas do século XIX, mas James Hyslop não conseguiu traçar a história dos seus donos, estando convencido que foi feita por encomenda para alguém com dinheiro.
É também certo que, apesar do seu valor decorativo, foi usada no mar alto porque tem «pingas de cera que os marinheiros usaram para equilibrar melhor a agulha da bússola» e assim afinar as indicações de navegação. «Numa das pingas de cera é mesmo possível ver uma impressão digital de um marinheiro que não deixou a cera arrefecer», acrescenta Hyslop.
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