quinta-feira, 24 de abril de 2008

DO MOVIMENTO DOS CAPITÃES AO 25 DE ABRIL


A contestação dos capitães levou à criação do MFA (Movimento das Forças Armadas), que percebeu que só acabaria com a guerra colonial se derrubasse o regime que a sustentava.
A operação que acabaria na Revolução dos Cravos passou por momentos de grande tensão desde a primeira reunião em Bissau, a 21 de Agosto de 1973, até ao derradeiro encontro dos operacionais no Posto de Comando no dia 24 de Abril de 1974.
Assim se começou a preparar a queda da Ditadura instaurada em 1926.

21 de Janeiro de 1973
Manifestações anticoloniais em Lisboa.

Maio de 1973
Protesto dos militares à tentativa de apoio das Forças Armadas ao Governo por parte do Congresso dos Combatentes a realizar de 1 a 3 de Junho.

1 de Junho de 1973
Início do I Congresso dos Combatentes do Ultramar, no Porto, que mereceu a oposição do "Movimento dos Capitães". Ao mesmo tempo, circula um manifesto de Oficiais do Exército contra o Congresso e a legislação que pretende apoiar.

13 de Julho de 1973
Publicação do Decreto-Lei n.º 353/73, que possibilitava aos milicianos do Quadro Especial de Oficiais ultrapassarem os capitães do quadro permanente nas suas promoções, mediante a frequência de um curso intensivo na Academia Militar, equiparado aos cursos normais, o que originou viva contestação dos capitães do quadro permanente.

20 de Agosto de 1973
Publicação do Decreto-Lei n.º 409/73, que dá nova redacção ao 353/73 mas mantém a situação dos capitães do quadro permanente.

21 de Agosto de 1973
Primeira reunião clandestina de capitães em Bissau.

28 de Agosto de 1973
Eleição da primeira comissão do "Movimento dos Capitães", constituída pelos Capitães Almeida Coimbra, Matos Gomes, Duran Clemente e António Caetano.

9 de Setembro de 1973
Nasce o MFA na primeira reunião plenária (clandestina) dos capitães, no Monte Sobral em Alcáçovas, com a presença de 95 Capitães, 39 Tenentes e 2 Alferes.

24 de Setembro de 1973
A Guiné-Bissau proclama unilateralmente a independência.

6 de Outubro de 1973
Reunião quadripartida do MFA (por razões de segurança), sendo um dos locais a casa do Capitão Antero Ribeiro da Silva, no n.º 24, 2º Dto da rua Prof. Dr. Augusto Abreu Lopes, em Odivelas.

12 de Outubro de 1973
O Ministro do Exército e da Defesa Nacional, Sá Viana Rebelo, suspende os Decretos-Lei n.º 353/73 e 409/73, o que não evita a crescente contestação dos capitães.

23 de Outubro de 1973
Circular clandestina onde se faz o ponto da situação.

26 de Outubro de 1973
Reconhecimento da Guiné Bissau como estado soberano pela ONU.

28 de Outubro de 1973
Eleição de deputados à Assembleia Nacional. A oposição desiste antes do acto eleitoral, devido à inexistência de garantias mínimas de seriedade.

7 de Novembro de 1973
Demissão do Ministro Sá Viana Rebelo, na sequência da contestação do "Movimento dos Capitães" aos referidos decretos.

24 de Novembro de 1973
Reunião plenária, na Parede, onde o Tenente-Coronel Banazol defende, pela primeira vez, a tese de golpe militar, que transita para discussão em próxima reunião.

Dezembro de 1973
Denúncia pelo Major Carlos Fabião, numa aula de Instituto de Altos Estudos Militares, de um golpe de estado de direita em preparação, que seria conduzido por Kaúlza de Arriaga.

1 de Dezembro de 1973
Reunião plenária em Óbidos, onde se votam três teses alternativas:

golpe militar;

continuação da luta contra os Decretos 353/73 e 409/73 com perspectivas de passar a golpe militar;

continuação da luta legalista contra os Decretos.

É aprovada a última tese, mas a primeira que fala de um golpe militar ganha apoios, perspectivando-se o carácter revolucionário do "Movimento" e elege-se a primeira Comissão Coordenadora do "Movimento dos Capitães" constituída por 19 oficiais e escolhidos os Generais Costa Gomes e António de Spínola para servirem de ligação.

5 de Dezembro de 1973
Reunião da Comissão Coordenadora na Costa da Caparica, onde se rejeita a tese do Tenente-Coronel Banazol e onde se elege um executivo do "Movimento", constituído pelos Majores Otelo Saraiva de Carvalho e Vítor Alves e o Capitão Vasco Lourenço. É criado um grupo de trabalho para elaborar o Programa do MFA, coordenado pelo Major Melo Antunes e constituído pelos:

Tenentes-Coronéis Lopes Pires, Franco Charais e Costa Brás,

Major Hugo dos Santos e Coronel Vasco Gonçalves (do Exército),

Capitão-Tenente Victor Crespo,

1º Tenente Almada Contreiras (da Marinha),

Majores Morais e Silva e Seabra e o Capitão Pereira Pinto (da Força Aérea).


22 de Fevereiro de 1974
Publicação do livro "Portugal e o Futuro", do General António de Spínola, que abalou o regime e, em particular, Marcelo Caetano.

5 de Março de 1974
Reunião de cerca de 200 oficiais dos três ramos das Forças Armadas, em Cascais, no atelier do arquitecto Braula Reis. Pela primeira vez se fala na possibilidade do fim da guerra colonial e no derrube a ditadura para o estabelecimento de um regime democrático. É aprovado o documento «O "Movimento" as Forças Armadas e a Nação», apresentado pelo Major Melo Antunes.










9 de Março de 1974
Os Capitães Vasco Lourenço e Ribeiro da Silva apresentam-se voluntariamente no Quartel General da Região Militar de Lisboa, na companhia do Capitão Pinto Soares, sendo os três detidos e enviados para a Casa Reclusão da Trafaria.

11 de Março de 1974
Marcelo Caetano, em carta a Américo Tomás, pede a demissão, por se sentir responsável pela publicação do livro de Spínola, mas não é aceite.



14 de Março de 1974
Marcelo Caetano recebe Oficiais-Generais dos três ramos das Forças Armadas, numa reunião que ficou conhecida como a "Brigada do Reumático", no intuito de tentar provar que o regime tinha tudo sob controlo.





15 de Março de 1974
Demissão dos Generais Costa Gomes e António de Spínola por se terem recusado a participar na "Brigada do Reumático".





16 de Março de 1974
Tentativa de golpe militar contra o regime. Só o Regimento de Infantaria 5 das Caldas da Rainha marcha sobre Lisboa. O golpe falhou. São presos cerca de 200 militares, alguns deles decisivamente envolvidos na preparação da "Revolução dos Cravos".



24 de Março de 1974
Última reunião clandestina da Comissão Coordenadora do MFA, em casa do Capitão Candeias Valente, na qual foi decidido o derrube do regime e o golpe militar entre 22 e 29 de Abril. O Major Otelo Saraiva de Carvalho fica responsável pelo "Plano Geral das Operações".



28 de Março de 1974
Última "Conversa em Família" de Marcelo Caetano na RTP.



21 de Abril de 1974
Aprovação da versão definitiva do Programa do MFA.

22 de Abril de 1974
Está pronto o "Plano Geral das Operações: Viragem Histórica" e as Unidades Militares afectas ao MFA ficam à espera do início do golpe militar. Por decisão de Otelo é escolhido o Regimento de Engenharia N.º 1 na Pontinha, para instalar o Posto de Comando das operações.



23 de Abril de 1974
Otelo Saraiva de Carvalho comunica que as operações militares se iniciariam às 03.00h do dia 25 de Abril e entrega, a capitães mensageiros, sobrescritos fechados contendo as instruções para as acções a desencadear na noite de 24 para 25, com a senha "Coragem" e contra-senha "Pela Vitória" e um exemplar do jornal Época, como identificação, para as Unidades participantes.



24 de Abril de 1974
O jornal República, em breve notícia, chama a atenção dos seus leitores para a emissão do programa "Limite" dessa noite, na Rádio Renascença.

24 de Abril de 1974 às 21:00
Otelo Saraiva de Carvalho faz chegar ao General Spínola a "Proclamação ao País do Movimento das Forças Armadas Portuguesas".



24 de Abril de 1974 às 22:00
Começam a reunir-se os elementos do MFA no Posto de Comando, instalado no Regimento de Engenharia N.º 1, na Pontinha: os Tenentes-Coronéis Lopes Pires e Garcia dos Santos, os Majores Otelo Saraiva de Carvalho, Sanches Osório e Hugo dos Santos, o Capitão-Tenente Victor Crespo e o Capitão Luís Macedo.

















24 de Abril de 1974 às 22:55
Os Emissores Associados de Lisboa transmitem a canção "E Depois do Adeus", de Paulo de Carvalho, primeiro sinal do MFA, confirmando que tudo corria bem.




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